Honestidade:
um valor aprendido, um valor não esquecido
A vida é, sem
dúvida excelente professora, pois mostra que as convicções
são quebradas sem que tenhamos tempo para entender, mas sentir
com tamanha emoção que nós tornamos ínfimos
no universo.
Sempre fui contra divulgar em órgãos
de imprensa atitudes que considero ser obrigação de todo ser humano. Acredito que as
pessoas ao conviverem vão se humanizando e suas atitudes vão
se lapidando, mas o fato é que nunca é como
desejamos, idealizamos, sonhamos... Porém, hoje, dois meninos me ensinaram a
acreditar na honestidade, na ética, na moral, nos seres humanos.
Trabalhando em uma escola onde as
situações de vida não são fáceis, lutando para mostrar para os
alunos os valores nos quais acredito e que penso, e que deveriam nortear suas
vidas, persistindo e insistindo no potencial de cada pequeno ser, sentindo
frustrações e desanimando em alguns momentos, eis que esses meninos
encontram uma carteira com uma razoável quantia em dinheiro, voltam para
escola para que procuremos o dono deste objeto e nos dão uma
imensa lição de vida.
Os dias de conversas e aprendizagens
não foram em vão. A semente do bem, da honestidade,
do se colocar no lugar do outro estão germinando entre essa garotada. Ufa!
Eles continuam com o aprendizado que seus pais lhe deram e a escola, na pessoa
de seus professores, está conseguindo, sim, cumprir o seu
papel.
Com uma investigação no interior da carteira, foi possível
encontrar o dono dos documentos e do dinheiro. Os meninos acompanhavam sem
entender a felicidade dos seus professores. Talvez um dia consigam dimensionar
o tamanho desta emoção.
Um telefonema e poucos minutos
depois chega na escola um homem, um trabalhador que num descuido perdeu algo
que lhe faria muita falta. Ele tremia. Penso que não
acreditava no que estava acontecendo, pois as ideias pessimistas, muitas vazes, são
mais fortes e nos impede de acreditar na generosidade das pessoas.
Ali estava o resultado de um
trabalho de formação de duas famílias e
de professores... É,
de educadores!
O homem, então,
emocionado perguntou a direção da escola se poderia gratificar os
meninos. Sim, eles mereceram o reconhecimento daquele senhor, não pela ação, pois entendo que isso é
obrigação, é honestidade, mas porque pensaram que
quem perdeu poderia ser muito prejudicado, se não encontrasse seus pertences.
Hoje, entendo a divulgação
de vivências deste tipo nas mídias, como um registro de história
de vida.
As pessoas vivem num mundo onde os
sentimentos estão sendo esquecidos, os valores estão
se perdendo, as famílias estão sem tempo e as escolas estão
sofrendo para dar conta das necessidades dos jovens; e em meio a tudo isso
aprende-se que é possível acreditar, que nossas crianças
tem sentimentos e são capazes de superar as dificuldades.
Esse registro que faço é
para compartilhar a emoção de ser educadora num mundo
onde apropriar-se de coisas alheias
tornou-se fato corriqueiro, onde o ter está valendo mais que o ser; mas que
apesar de tudo, o ser humano tem sentimentos valiosos. É
gente, vale a pena acreditar
Esse fato aconteceu na Escola
Municipal 24 de Maio, no Bairro Canabarro, loteamento 8, em Teutônia-RS, onde trabalham profissionais
que se preocupam com Os Seres Humanos.
Ester de Mello – Supervisora Escolar